O Brasil vive hoje um momento de aguda crise política, talvez sem precedentes.
A maior parte da população não se identifica de modo algum com os partidos e instituições da república. O povo não se enxerga nos órgãos de poder pois não vê neles os seus valores e anseios representados. Não vê neles a concretização da justiça.
O próprio modo como o debate público funciona hoje no Brasil exemplifica bastante esse distanciamento em relação às pessoas comuns. No fim das contas, cada um dos lados do espectro político dá vazão a uma parte dos anseios populares. Contudo, o faz sempre de modo mutilado, recusando-se a representar o povo por inteiro.
De um lado, a direita, majoritariamente conservadora nos costumes e liberal na economia, expressa, até certo ponto, os valores legítimos em temas morais, como o aborto e a teoria de gênero, porém, com suas políticas econômicas desumanas, humilha os pobres e os trabalhadores. Por sua vez, a esquerda, majoritariamente liberal nos costumes e social-democrata em economia, coloca-se muitas vezes de modo justo ao lado dos humilhados e desvalidos, não entanto, com suas posições em questões de costumes, não poucas vezes se opõe às mesmas camadas populares que deseja representar.
É, pois, para colaborar com a superação desta dramática crise que surge o Juntos. Não representamos o povo pela metade, nem queremos justiça que não seja por inteiro. Defendemos sim a vida por nascer e a família natural, mas defendemos com igual força e empenho a causa dos pobres e dos operários. Para nós, a carne que sangra e geme por ajuda no irmão que passa fama é a mesma carne que sangra e geme inocente no útero da mãe. E vice-versa. Não queremos, nem aceitamos ter de escolher entre uma e outra.
Somos conservadores e trabalhistas. Somos solidaristas e adeptos da lei natural. Denunciamos a corrosão dos costumes, onde eles vão mal, ao mesmo tempo em que lutamos para que o Estado brasileiro direcione todos os esforços para a implantação de uma economia comunitária, em que prevaleça verdadeiramente o bem comum.
O Juntos é um movimento político de inspiração cristã. Nossa convicção fundamental, como pessoa de fé, é de que, além de ser uma boa nova de salvação e vida eterna, o cristianismo é também uma poderosa mensagem ética, portadora de valores humanos únicos, essenciais para a construção de uma sociedade justa.
Não somos, porém, nem sectários, nem confessionais. Não pretendemos falar em nome da Igreja, mas apenas em nosso próprio nome. Não intencionamos restringir a liberdade religiosa de ninguém. Tampouco exigimos dos nossos filiados que professem a fé cristã. Nosso propósito é apenas reunir de maneira organizada e consequente todos os homens e mulheres de boa vontade, crentes ou não, que reconheçam no conteúdo ético do Evangelho a luz mais adequada para enfrentar os problemas de nosso país hoje
Resumido de maneira esquemática, nosso programa político consiste na defesa de quatro valores básicos, os quais consideramos princípios fundamentais e inegociáveis de qualquer sociedade digna deste nome. São esses valores a vida, a família, o trabalho e a solidariedade.
Primeiro Princípio – Vida
“Toda pessoa humana, independentemente de sexo, classe, credo, etnia ou qualquer outra pecularidade, é criada à imagem e semelhança de Deus. Sua vida, portanto, é sempre sagrada e deve ser integralmente protegida, em todos os seus direitos e deveres básicos, desde o momento da concepção até à morte natural.”
Segundo Princípio – Família
“A família natural, fundada na união livre, amorosa, exclusiva e duradoura entre um homem e mulher é a célula básica da sociedade. Constitui espaço primeiro de formação da pessoa e vínculo histórico entre as gerações. Deve ela, portanto, ser especialmente defendida e promovida como a mais fundamental de todas as comunidades humanas”
Terceiro Princípio – Trabalho
“Mais do que mero esforço por sobrevivência, o trabalho é uma atividade por meio da qual o ser humano se realiza como pessoa e coloca a natureza ao seu serviço. Deve-se, portanto, garantir verdadeiramente a prioridade do trabalho sobre o capital, das pessoas sobre as coisas, da justiça sobre o lucro, e neste sentido transformar todo o atual sistema econômico, a fim de alcancemos uma economia comunitária”
Quarto Princípio – Solidariedade
“A pessoa humana é por natureza sociável e precisa da vida em comunidade para se desenvolver plenamente. O bem comum, portanto, deve sempre prevalecer sobre os interesses particulares, quaisquer que eles sejam. Por fim, naqueles situações-limite em quando houver conflitos graves e for inevitável beneficiar mais a uns do que a outros, é questão de justiça privilegiar sempre os mais vulneráveis”
Estas são as nossas convicções fundamentais. Estes são os valores que nos alimentam – e que, acreditamos, alimentam também a enorme maioria do povo brasileiro, cristão ele que é. A partir deste princípios inegociáveis se dará a nossa ação, sempre nos estritos limites da lei e comprometida com a manutenção do regime democrático.
Com estas convicções fundamentais, vamos, a partir de agora, Juntos!
Signatários
Pedro Ribeiro
Clemente Diego Santiago Natal